segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Pintinho amarelinho

Quarta-feira, 14 de novembro de 2007
A lição do pequenino pintinho amarelinho
Um dia, eu estava olhando para um pequenino pintinho amarelinho. É que minha avó criava galinhas, e uma delas botou ovo, o que, aliás, corresponde ao hábito de várias galinhas, e do ovo nasceu esse pequenino pintinho amarelinho. Certo. O pequenino pintinho amarelinho andava pelo pátio da minha avó, e eu tinha, sei lá, uns 12 anos, e me agachei para olhar o pequenino pintinho amarelinho, e ele ficou zanzando pelo pátio e aí apareceu aquele gato. Era um gato grande e preto e de aparência pachorrenta, e pachorrentamente ele se deitou no meio do pátio e ficou observando o pequenino pintinho amarelinho, exatamente como eu fazia logo ali, a uns dois metros de distância.


O pequenino pintinho amarelinho pouca atenção deu ao gato, continuou caminhando, trôpego, e piando. O gato, no entanto, cravou os olhos dourados no pequenino pintinho amarelinho e quedou-se a examiná-lo com grande interesse.

Chegou a passar pela minha cabeça que o gato talvez tivesse a intenção de comer o pequenino pintinho amarelinho, mas achei, também, que não deveria intervir no curso da Mãe Natureza, que melhor seria permitir que os dois animaizinhos se entendessem e que o gato, afinal de contas, não tinha uma aparência tão ameaçadora assim, ele era pachorrento e provavelmente preguiçoso e só fazia olhar com certa benevolência para o pequenino pintinho amarelinho, que foi se aproximando dele, se aproximando dele, se aproximando, até que o gato, sem despender muito esforço, saltou sobre o pequenino pintinho amarelinho e o devorou de uma única bocada, restando tão-somente uma pena amarela a esvoaçar pela atmosfera do pátio da minha avó, como uma folha caída de outono.

Essa história edificante mostra como a gente não deve perder certas oportunidades. Eu perdi a de salvar o pequenino pintinho amarelinho, o Ramon perdeu a de entrar na área e marcar o gol contra o São Paulo, no fim do segundo tempo da partida de domingo, mas o gato, ah, esse não perdeu a oportunidade de almoçar aquele tenro, delicioso e burro pequenino pintinho amarelinho.

Texto publicado hoje na página 59 de Zero Hora.




Enquanto pensava sobre que tipo de crítica eu poderia escrever discutia com meu irmão sobre como deveríamos aproveitar as chances que nossa vida nos oportuniza. Foi a partir daí que resolvi que me focaria em um tema que me permitisse expressar não somente minha opinião sobre o texto, mas sobre a vida. Após ler “A lição do pequenino pintinho amarelinho”, página 59 da Zero Horas de quarta-feira, 14 de Novembro de 2007, comprovei a tese que argumentava contra meu irmão. A cronica bem estruturada, que apresenta de forma simples uma lição para vida nos faz pensar por horas. Desenvolvido a partir de uma simples situação da infância do autor, ele nos mostra que devemos aproveitar as oportunidades dadas pela vida. Na pequena história, que com certeza ajudará David a ensinar lições de vida à seus filhos, ele retrata a chance que teve de salvar um inofensivo e gracioso pintinho amarelinho que se encontrava no jardim de sua avó de um inesperado predador que aparecera. Além de abordar as chances que a vida nos traz o autor ainda consegue demonstrar que não devemos vender nossa confiança. Após longos minutos admirando o pequeno projeto de galo David se depara com mais um novo observador daquela pequena e inofensiva criatura, um gato. Dando credibilidade e crendo que o gato não passaria de mais um admirador o autor não se incomoda em deixar livre o pintinho para que pudesse brincar, ao contrário do que o credor acreditou o gato não pensa duas vezes e age conforme a mãe natureza o instruiu, o pintinho é devorado e somente uma simples pena resta para ensinar duas lições. A de que não devemos confiar sempre sem ter certezas, e que oportunidades que surgem em nossas vidas são feitas para serem aproveitadas, como a que o autor teve de salvar a pequena criatura amarelinha e não a fez.
Rafaella Fagundes